terça-feira, 29 de janeiro de 2013

182 dias - Veni, vidi, vici. (toma essa, marlboro)


Não sou de me vangloriar pelas coisas não, mas agora sem falsa modéstia: Eu sou foda. 
Assistindo parece fácil, mas só quem já passou por isso é que tá ligado. Parar de fumar não é difícil, mas manter-se sem o danado foi uma das coisas mais difíceis que já vivenciei. 
Passei por muita ansiedade, muita, mas muita irritação, uma depressão ferrada... e tô aqui. Firme e forte. Mesmo.
A vontade aparece as vezes. Nem poderia ser diferente. O engraçado é que ele nem passa pela minha cabeça nos bons momentos. Acordar, café, comer, dormir, sexo, banho, cerveja. Suave. 
Nos maus é que a coisa fica estranha. Não é sempre. Geralmente quando juntam várias coisas, por exemplo uma discussão com alguém e ter que pegar uma fila. Muito tempo dentro do carro, de mau-humor e atrasada. Aí eu fico lembrando dele e dou umas tragadas no ar. Mas isso é tão pequeno perto de todo o resto, tão pequeno, que as vezes dá vontade de gritar ao mundo inteiro PARE DE FUMAR! Acho que é por isso que dizem que todo ex-fumante fica chato. Eu não me considero dessas porque não pentelho ninguém pra parar. Essa vontade de dizer pare permanece só no campo das idéias mesmo. Mas, olha... Se alguém pedir minha opinião eu vou encorajar pra valer. 
É difícil? É. Mas vamo combinar que a vida é difícil. E se não fosse, que graça teria?
Altos e baixos, problemas, mau-humor, todo mundo tem. Até monge deve ter. A questão é como se encara as dificuldades.
Dentre todas as coisas que me encorajam a continuar sem o cigarro, tem uma que eu acho que nunca citei aqui, que é a seguinte: enquanto eu era fumante, sempre que lia algo relacionado à saúde que dizia "se a pessoa for fumante a porra fica séria em xx%" uma voz dentro de mim dizia "ai!" e vinha um sentimentozinho de culpa que eu tentava a todo custo ignorar. Agora quando eu leio algo do tipo, me dá uma sensação muito boa. Não pelo fato dos fumantes levarem a pior, óbvio. Mas porque a voz de dentro de mim agora diz "ufa!" e o sentimento é um orgulho de mim mesma, que eu não ignoro, simplesmente deixo fluir.
É meu premio por ter sido (e continuar sendo) forte. Em vários momentos dessa trajetória eu pensei em desistir. Tentei me enganar dizendo a mim mesma que não precisava passar por isso, que tinha muito tempo pela frente pra fazer essa escolha, que era só acender um cigarro e toda aquela sensação ruim iria embora. Ainda bem que eu fui mais esperta que eu.