sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Dias 30 e 31 - Um mês

Um mês sem cigarro e eu ando mais preocupada comigo do que com ele. Estou em paz com meu fôlego, olfato e paladar. Não me sinto culpada por fumar perto do meu filho e do meu marido. Não me sinto culpada por poluir o ar e jogar bitucas por aí. 
E o melhor de tudo: não vejo mais o cigarro como uma parte de mim, algo que tem haver com meu estilo de vida e minha personalidade e sim como a droga suja e letal que ele é.
Como é bom mudar de hábitos...

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Dia 29 - Dia Nacional do Combate ao Fumo

Hoje, 26 anos depois da criação da lei Federal que institui o dia 29 de Agosto como Dia Nacional do Combate ao Fumo, pela primeira vez eu posso dizer que esse dia significa algo pra mim. 
A Lei tem a mesma idade que eu e ainda assim, aos 18 anos comecei a fumar sem ter muita noção de onde eu estava me metendo, de forma que eu acho que combate mesmo, não existe. É conversinha pra fingir que lida com o problema. O tabagismo é a maior causa de morte evitável, não era pra esse Combate ao Fumo ser uma coisa bem maior e mais séria do que um dia de campanhas?
Confesso que depois de me tornar fumante, sempre passei pelo Dia Nacional do Combate ao Fumo propositalmente alheia, sem querer dar atenção ao que os anúncios dizem.
Mas hoje não dá pra não reconhecer que tudo o que eles dizem é verdade.
Eu não estou aqui pra dizer pra ninguém Pare de Fumar. Eu sei que isso não resolve. Eu só estou aqui pra dizer que eu também achei que fosse impossível, coisa de outro mundo, uma tortura sem fim viver sem ele e no entanto hoje me sinto muito bem por não fumar.
Não dá pra negar que o cigarro mata. Não dá pra negar que o cigarro polui o ar e as ruas. Não dá pra negar que é uma droga mais letal que a maconha e vicia com mais facilidade que a heroína. Vide Superinteressante.
O cigarro faz mal pra você, faz mal pro seu bolso, faz mal pra quem está perto de você, faz mal pro planeta  e só faz bem pra quem ganha dinheiro com eles.
O cigarro só é glamouroso no cinema, onde o filme acaba antes do enfisema.



"Você está flertando comigo?"

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Dia 28 - Quarta Semana

Caramba! Quatro semanas sem o magrelo-branquelo que eu não largava de jeito nenhum. Se sinto saudade? Muita. Um pouco...
É uma saudade estranha. Não é saudade da sensação, nem da convivência, não sinto nenhuma saudade de ficar preocupada com quantos ainda tenho, será que dá até amanhã de manhã?
No começo eu sentia bastante falta de segurar e tragar alguma coisa, por isso os lápis, canudinhos e etc.. Até isso já passou.
Agora a saudade é, na verdade, falta de um apoio. A tal da muleta, sabe?
Mas eu não quero depender de muletas pra sempre. Sou um ser perfeito, sadia de corpo e mente, não preciso me apoiar em nada pra seguir em frente. Sou a única responsável pelas minhas escolhas e quero fazer escolhas conscientes, com a mente aberta e coragem pra enfrentar os desafios.
Não me considero uma ex-fumante ainda porque já passei por essa marca antes e depois sucumbi. É como dizem: o difícil não é parar de fumar, mas se manter firme na decisão.
Mas dessa vez eu sei que estou bem diferente e me sinto mais confiante. Mudei completamente meus hábitos, meus padrões de pensamento, não me faço mais de sofrida por não fumar e me sinto, de verdade, muito satisfeita com a minha decisão.
Vamo que vamo que ainda tem muito chão...

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Dia 27 - Doida sim, maluca não.

Cara, tem dias que %*$@! Bate uma ansiedade tão grande, eu fico andando pela casa igual doida, sinto vontade de fumar um maço inteiro, de comer a casa toda, fico procurando o que fazer mas não me concentro em nada. Nossa, difícil...
Tento me distrair com a internet, msn, joguinhos, abro mil abas no navegador, tento escrever no blog, mas aí do nada...

domingo, 26 de agosto de 2012

Dias 25 e 26 - "Be kind to your body"

Vira e mexe eu me pego caindo no paradoxo Vida Saudável x Vontades. Levando-se em conta os históricos familiares tanto de resistência aos malefícios do fumo e do álcool, quanto de problemas cardíacos e as questões relacionadas à maternidade, era de se esperar que uma pessoa tão contraditória vivesse em constante conflito, não?
As vezes tenho certeza absoluta de que estou fazendo tudo errado, que eu deveria fumar, beber e comer o que eu quiser porque a vida é curta e eu vou morrer de um jeito ou de outro.
Depois eu penso que viver até o fim com qualidade de vida deve ser melhor do que beber a vida toda num gole só e passar os últimos anos sofrendo as consequências. Será?
Depois eu penso o mais lógico: futuro? Vou fazer o que eu acho certo agora e se acontecer de mudar de ideia, eu mudo, oras. Isso soa lógico pra você?
O fato é que por hora, apesar da constante energia gasta em resistir às tentações, estou sentindo os efeitos positivos das escolhas saudáveis que fiz.
Os meus pulmões devem estar extremamente confusos em, de uma hora pra outra, receber tanto oxigênio no lugar de tanta fumaça. Aliás, todo o meu corpo deve estar confuso. Passei anos vivendo no maior sedentarismo possível e de repente começo a andar de bicicleta pela orla todos os dias.
Também passei muito tempo com uma dieta à base de cafeína e comida industrializada e agora troquei tudo isso por chás, fibras, alimentos integrais, etc. Deixei de ir dormir às 6h e acordar as 13h para ir dormir as 22h e acordar às 8h. Meu marido acha que fui abduzida.
E, ainda que as vezes eu sinta uma vontade absurda de mandar tudo isso às favas e cair na boemia e na vida desregrada, a maior parte do tempo me sinto muito bem disposta e feliz.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Dias 23 e 24 - Ohgodwhy

Eu estava feliz e radiante com a dieta dos pontos, que achei genial. Primeiro porque posso comer o que eu quiser desde que não ultrapasse os pontos (que são 330, no meu caso). Segundo porque, por ter um limite de pontos e querer comer mais, comecei a comer coisas saudáveis e menos calóricas.
Até que... Apareceu a sexta-feira e com ela a cervejinha. Ferrou tudo.
Me controlei quanto pude e tomei só 3 long necks de Stella, o que foi suficiente pra bagunçar minha dieta e me dar uma baita vontade de fumar.
Não quero ser radical com a minha truta cerveja, mas pensa no meu lado: fiquei 4 dias comendo certinho, sem passar nem um pontinho, praticando exercícios e tudo o mais e aí ela chega do nada, com suas várias calorias e ainda me faz querer caçar um cigarro?
Fiquei pensando na nossa relação e achei que um rompimento, como com o cigarro, seria muito drástico. Talvez seja melhor dar um tempo e ver o que acontece...

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Dia 22 - "Adeus você. Não venha mais me negacear."

Poxa vida! Três semanas sem você. Eu pensei que não fosse aguentar e aqui estou: firme, forte e resoluta.
Eu que antes não parava de pensar e falar em você e ficava tão chatiada quando te via em outras mãos e outras bocas, agora me sinto livre. Aliviada... 
Longe de você toda a minha vida ganhou um brilho diferente. Resolvi cuidar de mim, ser mais saudável. Estou até praticando atividades físicas e cuidando melhor da pele e da alimentação, o que seria praticamente impossível antes.
Ninguém me olha mais com cara feia como quando estávamos juntos, não sinto mais aquelas dores de estômago que você me provocava. O cheiro da minha casa também mudou depois que você se foi.
Não foi fácil, confesso. Nossa ligação era forte e eu dependia de você pra muitas coisas. Mas depois que a depressão passou, eu consigo ver que essa mudança era essencial pra mim e me sinto muito mais feliz, com a auto-estima renovada. Sei que, se fui capaz de me separar de você, sou capaz de fazer muitas outras coisas. Qualquer coisa.

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Dias 20 e 21 - Sonhos Intranquilos

Pela primeira vez, desde que larguei o cigarro, sonhei que estava fumando e a sensação de eu sou uma loser era muito forte.
Na verdade, bem no fundo, eu sei que vai ser isso que eu vou sentir se eu colocar um cigarro na boca depois de ter passado por todo esse sufoco. Em praticamente todas as outras vezes em que voltei a fumar a minha desculpa na hora era eu já superei a falta do cigarro  e se eu fumar um só não tem problema.
Agora eu tenho plena consciência de que isso não é verdade e que a maioria das pessoas que caem nessa voltam a fumar igual ou até mais do que antes.
Sobre a corrida na praia, então... Sabe como é, né? Não corri.
Maaaas, andei de bicicleta e comecei aquela dieta dos pontos. Vale, né?

domingo, 19 de agosto de 2012

Dias 17, 18 e 19 - Parar de fumar não mata

As coisas tem mudado aos pouquinhos nesses últimos dias. 
A vontade de fumar ainda aparece as vezes, principalmente quando eu bebo, mas no restante do tempo é tranquilo e eu me lembro cada vez menos do cigarro.
Agora a vontade de não fumar é imensamente maior do que a vontade de fumar e as vezes eu chego a pensar poxa, nem é tão difícil assim.
Na verdade foi difícil sim chegar até aqui, mas eu cheguei e agora não pretendo andar pra trás. Nem consigo mais me imaginar fumando e parei de olhar para os fumantes com cara de inveja. Também parei de ficar segurando canudinhos, lápis e stiksy.
O que complica as vezes é que a ansiedade me aumenta muito o apetite e eu já ganhei um quilinho. Mas vou aproveitar a energia e o aumento do fôlego e a partir de amanhã eu começo a correr na praia. Juro.

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Dias 15 e 16 - Largando as Muletas

Passadas pouco mais de duas semanas, meu corpo provavelmente já está livre da nicotina e com isso, da dependência física de que sofria. 
Porém a dependência psicológica ou comportamental não desaparece assim, num tempo previsto. É preciso prestar muita atenção aos momentos em que a vontade de fumar aparece para saber o que está por trás dela e assim entender o que é preciso fazer (ou não fazer) para superá-la.
Os cigarros relacionados a momentos como ao acordar ou depois do banho, foram mais fáceis de esquecer. Outros foram mais difíceis mas com o tempo me acostumei a não contar com eles, como é o caso do cigarro de depois de comer ou aquele ao entrar no carro.
Contudo, há um cigarrinho específico mas que não tem hora marcada, que é bem complicado e até hoje ainda me faz falta: o cigarro muleta.
Acho que não é preciso ser fumante ou ex-fumante para entender o que isso significa. Todo mundo passa por aqueles momentos estranhos, vazios, as vezes até constrangedores em que não se sabe bem o que fazer. Ninguém entendeu nada, doidona.
Existem as pessoas que pegam o celular, põem as mãos no bolso, olham para os lados, assobiam, e tem as que acendem um cigarro. Eu era dessas.
Agora estou reaprendendo a viver sem essa válvula de escape e a simplesmente presenciar esses momentos que, na verdade, não trazem nenhum sofrimento e portanto não é preciso fugir deles. Na teoria é super simples: se não tem o que fazer, não faça nada.
Mas a verdade é que a falta que ele faz é bem incômoda e a vozinha da cabeça fica falando sem parar que eu devia pegar um cigarro e acabar logo com isso. Melhor não dar ouvidos, né?



terça-feira, 14 de agosto de 2012

Dias 10, 11, 12, 13 e 14

Nossa, como resumir cinco dias de vontade de fumar em um único post?
Sim, senti vontade todos os dias, em pelo menos algum momento, mas também fiquei muito orgulhosa de mim porque resisti mesmo tendo oportunidade de recair.
E assim já se foram duas semanas. Nem parece...
Antes de ir pra Rio Preto eu estava freaking out com receio de fraquejar em algum momento em que tivesse fumantes ao redor e depois de tomar umas mas não, cara.
Antes de ceder a um impulso, tentei pensar em algumas coisinhas que são um pouquinho mais importantes, como por exemplo:

A saúde das pessoas que estão ao meu redor"O tabagismo passivo é a 3ª maior causa de morte evitável no mundo, subseqüente ao tabagismo ativo e ao consumo excessivo de álcool. O ar poluído pelo cigarro contém, em média, três vezes mais nicotina, três vezes mais monóxido de carbono, e até cinqüenta vezes mais substâncias cancerígenas do que a fumaça que entra pela boca do fumante depois de passar pelo filtro do cigarro."


Mau exemplo - "Pesquisas realizadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) revelam que um em cada quatro estudantes entre 13 e 15 anos que fumam cigarros, fumou pela primeira vez antes dos 10 anos. Ainda segundo a OMS, entre 80 e 100 mil crianças e jovens começam a fumar todos os dias em todo o mundo, e por volta de 50% das pessoas que começaram a fumar na adolescência continuarão com o vício por mais 15 ou 20 anos, pelo menos."



A minha saúde - "O total de mortes devido ao uso do tabaco atingiu a cifra de 4,9 milhões de mortes anuais, o que corresponde a mais de 10 mil mortes por dia. Fumar causa câncer de pulmão, boca, laringe, faringe, esôfago, estômago, fígado, pâncreas, bexiga, rim, colo do útero, problemas cardíacos e enfisema."



O maior órgão do corpo humano - "O cigarro diminui o calibre das veias, o que diminui a irrigação sangüínea da pele e diminui a chegada de oxigênio e nutrientes para as células. O resultado é um envelhecimento precoce da pele, com rugas em média 20 anos mais cedo que não fumantes. Entre as mulheres, o cigarro aumenta em mais de 3 vezes o risco de desenvolver psoríase, doença sem cura que causa feridas na pele. Entre os homens, ela não chega a causar a doença, mas agrava os sintomas naqueles que já sofrem com ela."



Hálito, voz, tosse seca - "Além de dar mau hálito e dentes amarelados, fumar aumenta de 4 a 15 vezes a chance de ter câncer de boca, dependendo do quanto se fuma. E mais de 60% das pessoas que diagnosticam esse câncer não tem chance de curá-lo. O fumo também prejudica muito o aparelho vocal. A fumaça quente do cigarro agride todo o sistema respiratório, as pregas vocais, os pulmões. Faz aumentar o pigarro, e a tosse em decorrência da secreção."



Gastrite e úlcera - "A nicotina aumenta a acidez do estômago e, conseqüentemente, as chances de gastrite e úlcera. As úlceras demoram mais para cicatrizar e voltam com mais facilidade nos fumantes. O tabaco também é fator de risco para o câncer de estômago, que atingiu cerca de 26 mil pessoas no Brasil em 2006."



Falta de fôlego, a escravidão a que os fumantes se submetem, o gasto absurdo já que o dinheiro é literalmente queimado, ressaca de cigarro, inconveniência social e muitas outras coisas que acho que não preciso citar mais dados e números, todo fumante sabe como é...


Parece que existem mais motivos para não fumar do que pra fumar, né?



(Fontes: "Pare - Charles F. Wetherall", INCA, OMS, experiência própria e o bom e velho Google.)



sábado, 11 de agosto de 2012

Enquanto isso...

Enquanto as condições adversas não me permitem escrever, vamos ficar com a lição da Tia Xuxa hahaha
Continuo firme e forte, apesar dos pesares. :)




quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Dia 9 - Somebody save me

Fissura. Que palavra feia. E a sensação que ela, relacionada ao cigarro, representa é tão ou mais feia ainda.
Eis que ela me apareceu no 9º dia, com toda a força do mundo, depois de tomar umas, é claro.
O desespero, o choro e o desejo quase incontrolável de fumar onde, por sorte, não tinha cigarros nem fumantes, fizeram com que eu acabasse me conformando em fumar um lápis.
Tudo isso me fez ficar com muito medo de mim já que esse final de semana vou visitar a linda cidadezinha que me viu crescer, onde estão muitos dos meus mais lindos e queridos amigos e certamente vamos nos confraternizar sob litros e litros de cevadis.
Pai, afasta de mim essa tal de fissura.

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Dia 8 - Como vai a vida?

É impressionante como a forma de pensar em torno do cigarro muda.
Se por um lado já sinto efeitos positivos desse tempo sem ele, por outro minha mente fica cada dia mais ardilosa. E eu, como observadora de tudo isso, me sinto um tanto perdida.
A sensação de sair de casa sem cigarro e sem isqueiro, de não ficar me preocupando com quantos cigarros ainda tenho e em quanto tempo vou precisar de mais é muito libertadora
Sinto diferença no meu próprio cheiro e hálito. Minhas mãos não estão mais cheirando mal e meus dedos não estão amarelados. O sabor das coisas é diferente porque o meu hálito está sempre neutro. Meus cabelos e minhas roupas não cheiram a fumaça, aliás o cheiro das roupas que ainda não foram lavadas me incomoda porque agora eu sinto o cheiro do cigarro nelas, coisa que nunca percebi antes.
Os sintomas de abstinência estão bem mais leves e alguns, como a dor de cabeça, formigamentos, estômago embrulhado, já até passaram. Resta um pouco de irritação e mau humor que talvez façam parte da minha personalidade mesmo.
Agora, a minha mente, essa tá me deixando maluquinha. Até uns três ou quatro dias depois de abandonar o cigarro, eu estava me sentindo completamente decidida, com uma energia nova, como se toda a minha vida tivesse ganhado um brilho diferente.
Mas como muitas vezes me acontece com os lampejos de consciência, essa nova luz vem sendo encoberta por pensamentos negativos repetitivos. E alguns desses pensamentos do tipo "Por que eu fui ter essa idéia estúpida de parar de fumar"? De que vale viver sem fazer o que eu sinto vontade? De que forma isso vai me dar uma vida melhor? E pra que uma vida mais longa se a vida é um porre? me dão um sentimento de arrependimento.
Eu não sou otária o suficiente pra acreditar nessa voz e eu sei que não foi uma ideia estúpida, mas a sensação de estar arrependida é muito forte. Não que eu esteja, mas é como se eu estivesse.
Entendeu? Nem eu...


terça-feira, 7 de agosto de 2012

Dia 7 - À espera de um milagre...


Sabe como eu me sinto? Como se eu fosse um programa de computador sendo reescrito por mim mesma. Viiiixi, pirou de vez, coitada..
Em todas as partes dessa cabeça insana em que diz para executar o comando acender cigarro eu tento gravar outra coisa. E não é fácil, não é qualquer coisa que funciona ou que se encaixa no ritual.
Por exemplo, o cigarro do café eu tentei trocar por bolachinhas ou torradas, o que não rolou. Eu simplesmente tomo o café e finjo que sempre foi assim. O de depois de comer foi trocado por escovar os dentes, e é o tempo exato da vontade passar. O de antes de dormir, por alguma bebida quente, o que nem sempre funciona mas acredito que essa insônia seja temporária. O clássico cigarrinho do tédio, troquei por um livro e de fato me distrai e preenche o tempo vago.
Mas nem tudo é mingauzinho não, bebê. E o bicho pega mesmo quando é preciso esperar. Esperar alguém chegar, me buscar, no carro depois do clássico vou só buscar tal coisa e já volto, esperar algo ficar pronto, o filme  começar, uma ligação, o microondas, sei lá. Esperar... Esperar é muito chato. E sem o cigarro, parece que o tempo não passa. Como proceder? Ler nem sempre funciona porque a ansiedade não permite que eu me concentre. Respirar, contar até dez, meditar? Nada...
Nessas horas a vontade, que quase sempre é moderada, aparece mais forte. 
As vezes chega a dar um desânimo muito grande, parece que eu não vou conseguir de jeito nenhum viver sem essa m*rda mas, olha só: pelo menos por hoje eu consegui! 
E um dia de cada vez formou uma semana inteira! Ufa...

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Dia 6 - Please, do not disturb


Só quem já passou pela "síndrome de abstinência" sabe o quanto o humor fica sensível. A irritação e a depressão são incontroláveis.
E tem sempre um féladaputa pra encher e importunar de graça. Duas das vezes em que tentei parar de fumar e voltei, foi por isso. Me convenci de que seria melhor pra mim e pro resto do mundo se eu conseguisse suportar a cretinice das pessoas e achei que para tanto, precisasse fumar. Stupid Idea.
A verdade é que não é preciso muito para ativar a ira ou o choro de alguém que está passando por essa fase e eu então, que nunca fui a rainha da paciência, já me imaginei diversas vezes pegando algumas pessoas pelos cabelos e batendo suas cabeças na parede com força repetidas vezes. E apesar de não me considerar uma pessoa muito sentimental, já fui às lágrimas só de ouvir/ler um comentário imbecil de alguém.
Portanto, fica aqui o apelo: pense 1748 vezes antes de falar alguma coisa para alguém que está tentando se desintoxicar, de qualquer coisa que seja.
Outra coisa que eu venho pensando é se algumas atitudes na hora do sufoco, como segurar um canudinho entre os dedos e as vezes até me pegar tragando o ar, são válidas por darem um certo alívio ou se estão só reforçando a minha dependência psicológica. Não sei, não sei, quem sabe?
Na gravidez isso ajudava muito a me acalmar, chega a ser até um exercício de respiração mas, de fato, voltei a fumar assim que me foi possível.


domingo, 5 de agosto de 2012

Dia 5 - Testando limites

Um dos primeiros conselhos que todo mundo que está tentando parar de fumar ouve é "evite o café e a cerveja". Todo mundo sabe que um chama o outro.
Que ideia maravilhosa! Por que enfrentar a abstinência da nicotina se você pode enfrentar a da nicotina, da cafeína e a do álcool juntas?
Em uma das vezes que eu tentei parar de fumar, tentei parar de beber e tomar café também. E o resultado foi o seguinte: sintomas de abstinência triplicados, vontade de desistir muito mais forte, três dias sem café, sete dias sem beber, trinta dias sem fumar.
A abstinência da cafeína é infinitas vezes pior que a do cigarro e dessa vez eu resolvi não passar por isso porque, né? Não sou obrigada.
Tomar café da vontade de fumar? Sim. Mas ao terminar de comer também dá e ninguém vai parar de comer, não é mesmo?
A cerveja já é uma coisa um pouco mais complicada. É claro que dá pra beber sem fumar... Enquanto eu não estiver bêbada, porque daí, fumar parece uma ótima ideia, uma coisa natural e inofensiva...
Então, no quinto dia fez um sol lindo, fui pra praia com a família e resolvi tomar umas de leve porque deu vontade pra saber como me sinto e estar preparada.
Quão horripilante é a sensação de beber sem fumar? Não sei descrever, mas digo o seguinte: quantas vezes na vida nós deixamos de fazer coisas que temos vontade? A gente quer fazer uma coisa, mas tem medo, então não faz e continua vivendo.
Por exemplo, quantas vezes deixamos de dizer às pessoas como nos sentimos por medo de sermos rejeitados, quantas vezes deixamos de pedir desculpas por orgulho, quantas vezes deixamos de fazer grandes coisas por medo de sermos vistos como ridículos? E quantas vezes deixamos de fumar por medo de câncer de pulmão ou infarto do miocárdio? Touché!
Foi difícil, mas passou. Continuo firme e forte...


sábado, 4 de agosto de 2012

Dia 4 - "...e algum remédio que me dê alegria"


Chega a dar uma agonia quando eu ouço os passarinhos cantando, vejo o quarto iluminado, percebo que já estou deitada há horas e não dormi nem por um minuto.
A vontade que dá é de sair correndo pela rua gritando "Socorrooooooooo.. alguém me ajuda! Um remédio, um porre, uma marretada na cabeça, qualquer coisa que não solte fumaça e me faça dormir!" mas o corpo tá muito cansado e na cabeça ainda tem um restinho de juízo, de forma que me contento em levantar e fazer um café.
O desejo alucinante de fumar aparece e, quando eu consigo me distrair, some do mesmo jeito com que havia surgido. Mas quando ele vem junto com o tédio, é como se tivesse alguém me cutucando o ombro sem parar. Killing me softly. 
Contudo, pra falar a verdade, isso era o que mais me preocupava e entre todos os sintomas é o que menos me aborrece. 
E a vozinha? A vozinha fica falando sem parar. Coisas do tipo:
-Nós já passamos por isso antes, não adianta, você não consegue. 
-Pra quê passar por todo esse sofrimento de novo? 
-Se você der só um traguinho vai se sentir bem melhor.
Tem hora que dá uma vontade tão tão tão tão grande de desistir... Eu tenho sorte de não ter fumantes por perto nessa fase e ter o apoio do meu filhote, do meu amor, da minha mamãe e de vários amigos.
E alguém que está me retribuindo muito por não fumar é o Melquíades, meu gato.
Se eu fizesse carinho nele logo depois de fumar, ele se irritava com o cheiro e saía pra longe, começava a se lamber. Eu me sentia uma daquelas tiazonas que causam repulsa, quando beijam na bochecha e a criança começa a se limpar no mesmo instante.
Agora ele fica o tempo todo perto de mim, pede carinho, quer dormir no meu braço, e tudo isso me deixa muito feliz.
Ele agora considera que eu sou limpa o suficiente para estar com ele hahaha

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Dia 3 - O Caos


Hoje conversando com uma amiga, me dei conta de que parar de fumar é bem parecido com terminar um relacionamento.
Olha só, eu estive com ele por 8 anos. Sempre juntos, todos os dias. Quando eu fiquei irritada, ele me acalmou. Quando eu estava sozinha, ele me fez companhia. Em vários momentos ele me ajudou a ser paciente e esperar pelas coisas. Saía comigo e a gente bebia todas e fazíamos amigos hahaha
E agora o nosso relacionamento acabou porque ele tem me feito mais mal do que bem e eu sei que daqui pra frente as coisas só vão piorar e a separação vai ser cada vez mais difícil.
Só que é inevitável sentir falta. Onde quer que eu esteja, penso nele e em como seria se ele estivesse comigo. O que quer que eu faça, sei que ele não vai estar lá, me apoiando.
E isso me deixa muito irritada. E deprimida. A falta física, então... É absurda (nesse caso, eu digo que a do cigarro é bem pior). Não adianta tentar substituí-lo por Halls ou Mentos, não é a mesma coisa.
A diferença é que quando você termina um relacionamento, fica com esperanças ou fantasias de que a pessoa ligue, se desculpe e te peça pra voltar, o que eu sei que ele não vai fazer porque é um cigarro muito orgulhoso. hahaha
E as recaídas, bom... Nem quero falar delas. O importante é perceber que existem mudanças que precisam ser feitas e, por mais que se sofra com isso, é preciso ser forte, aceitar e se adaptar.
Ótimo, que fácil falar, né? Acontece que os sintomas de abstinência estão cada vez piores. Não dá pra explicar o tamanho da irritação, ansiedade e fogonocu inquietação.  Não consigo dormir, as dores de cabeça não dão trégua, formigamentos estranhos nas mãos e nos pés, vontade de chorar com qualquer coisa, enfim... Caos! Meu corpo e minha mente estão em colapso.
Dei uma pesquisada e parece que esses sintomas duram apenas de uma a duas semanas. Oba ¬¬
Resolvi dar uma volta pela praia pra esfriar a cabeça e foi ótimo. A praia não combina em nada com cigarro e eu sempre me senti meio incomodada em fumar lá. Nem sei por quanto tempo ao certo eu andei, mas ao voltar pra casa estava me sentindo bem melhor. Preciso fazer isso sempre...

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Dia 2 - Estou te vendo, monstrinho!

O dia já começou bem por conta da tosse incessante que ainda não me deixou em paz. Some a isso a falta de nicotina no corpo e dá pra imaginar como eu passei o dia, né? Rabugenta. Rabugentíssima.
Mas ainda assim não tive picos alucinantes de vontade de fumar. Nem ao acordar, nem na hora do café, nem depois de comer. So far, so good.
Resolvi ir a pé ao supermercado comprar umas coisas que faltavam e foi aí que cruzei, bem no meio do caminho, com uma senhorinha de uns 60 anos parada, as sacolinhas do mercado no chão, guardando o isqueiro no bolso. Ela tinha acabado de acender o cigarro e soltou a baforada do primeiro trago no exato momento em que passei por ela.
Se eu acreditasse nesse tal de destino diria que ele é um brincalhão.
Confesso que dei uma respirada mais longa e o cheiro me foi absurdamente agradável.
Contudo, alguns passos à diante eu já não estava mais com isso na cabeça.
Mas de fato, hoje eu me senti mais inquieta do que ontem. Todos os clipes e filmes que eu vi tinham pessoas fumando e as cenas me incomodavam. Senti um pouco de inveja raiva dos personagens. Como eles se atrevem a fumar e passar essa sensação de alívio, relaxamento e charme, enquanto eu estou aqui irritada, ansiosa e fazendo um esforço do caralh* pra me livrar disso?
A sensação que eu tenho é que dentro de mim vive um monstrinho que está acordando um pouquinho a cada dia. Talvez seja só uma paranóia...

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Dia 1 - Tchau, cigarro!

Fumei o último cigarro por volta da 1h e lá pelas 3h fui tentar dormir.
Não rolou. Eu estava bem ansiosa, pensando em um monte de coisas desconexas, perdida naqueles filminhos mentais de diálogos improváveis e, pra piorar, essa tosse infeliz que não me abandona.
Por volta das 6h desisti de vez de dormir e fui procurar o que fazer, dar uma volta a pé e tal. Fazia um tempão que eu não andava assim, só por andar...
Mais tarde me sentei no mesmo lugar onde todos os dias me sentava pra fumar e tomar o café, mas dessa vez no lugar do cigarro eu tinha algumas bolachas maisena. Não foi tão difícil quanto eu pensei que seria.
Por umas duas vezes me ocorreu aquele pensamento aterrorizante "Eu nunca mais vou por um cigarro na boca? Eu nunca mais vou sentir a sensação de tragar um cigarro?". Chega a dar uma dorzinha no peito quando esse pensamento aparece. É como se eu fosse passar o resto da vida sem uma parte minha e isso é meio assustador. 
Eu nem estava conseguindo pensar direito por causa da tosse e do sono, estava tentando apenas ignorar todos os pensamentos que apareciam, mas se você conseguir parar e refletir sobre esse pensamento na hora em que ele aparece (e ele sempre aparece quando você tenta deixar o vício) vai chegar à conclusão de que você viveu uma boa parte da sua vida sem fumar e nunca se queixou disso. E existem muitas, muitas pessoas mesmo, que nunca colocaram um cigarro na boca e estão por aí vivinhas da silva, só se lembram que o cigarro existe quando um fumante as incomoda. Não deve ser tão ruim assim passar o resto da vida sem fumar... Eu gosto de pensar que é como passar o resto da vida sem comer jiló. Eu sobrevivo!
Tentei me ocupar durante todo o tempo, afinal o tédio é um amigão do cigarro, e a verdade é que ao longo do dia eu não senti nenhuma vontade muito forte de fumar, apesar de ter lembrado do cigarro o tempo todo várias vezes. Talvez por ser o primeiro dia, talvez por causa da tosse, quem sabe? 
Só sei que me senti aliviada por não me sentir desesperada. hahaha
A noite tomei um xarope e pensei que fosse conseguir dormir igual um panda, mas daí a insônia veio. Ela sempre vem... E lá estava eu, ansiosa e tossindo os pulmões fora. Um déjà vu da noite anterior.
Como lidar com a insônia sem fumar? Eu apelei para uns joguinhos, escrevi o começo desse post, e lá pelas 4h, mesmo sem aquele clássico cigarrinho de boa noite que eu tantas vezes fumei mesmo sem estar com muita vontade, consegui dormir.
Ufa! Nada mal para o primeiro dia, né? Wish me luck!